A garota da promoção (parte 3)
 
  “Um ponto final em tudo isso, pra mim chega,” disse ele em tom de austeridade ao telefone. Há dias sem se ver, foi dessa forma que o casal terminou, fria e seca. A garota chorou.      Ela achava que, finalmente, tivesse encontrado o amor de sua vida. Depois de tanta procura em vão, tantas respostas não ditas pelas salas de bate-papo, tanto papo desdito, e palavras malditas que acabaram com a auto-estima da menina.   Cresceu ouvindo a rejeição de seu pai, as palavras de repúdio da mãe e a aversão dos irmãos. Sua rudeza no caráter era reflexos de uma família sem estrutura. Ela batia, discutia e berrava com os outros, às vezes, sem motivos, apenas pela força do hábito.   Não conquistava amigos. Afastava todas as pessoas a sua volta. Ela não sabia o por quê. Fama de brigona, birrenta, metida. Nas palavras de  Fernando Pessoa (Poema em linha reta), “vil e infame”.     Assim, se vendia por um sorriso, um abraço um aperto de mão. Sentimentos liquidados, emoções em liquidação... Ape...