A esquerda, o direito e a direita

Historicamente, a sociedade possui duas posições ideológicas: esquerda e direita. Os primeiros são os liberais, favoráveis às mudanças, têm uma visão voltada ao indivíduo e são contra ao tradicionalismo. Já o segundo, são os conservadores, cautelosos quanto às transformações sociais, focam mais a sociedade e valorizam a tradição desta.

Conservadores nem sempre são religiosos. Mas como a Igreja (que é conservadora) foi a grande responsável em moldar os padrões morais do mundo ocidental_ a partir da Idade Média_ criou-se a mentalidade de que conservadores são sempre religiosos, ligados a Igreja. E que, seus argumentos sobre assuntos complexos como aborto, casamento homo afetivo, descriminalização da maconha, são carregados de crendices e fanatismo.

Você já escolhei qual lado ficar? 
 Por outro lado, a ala esquerdista ganhou força a partir da década de 1960. Início do Pós-modernismo. A revolução sexual proposta na época quebrou radicalmente "velhos tabus", impulsionando a luta pelos direitos de cada indivíduo. Nascem os movimentos feministas e homossexuais. Os jovens partiram para a busca de "novas experiências", tendo a droga como principal estimulante para encorajar tais atitudes. O ditado frequentemente usado era: sexo, drogas e rock’n roll. E o polêmico festival de Woodstock tornou-se marco histórico.

É certo que a liberdade individual já era defendida desde o século XVI, na Idade Moderna. O Teocentrismo (Deus é o centro) da Idade Média foi substituído pelo Antropocentrismo (homem é o centro). O Iluminismo do século XVIII também deu suas contribuições. Ambas as fases da história abriram as portas ao individualismo mascarado de direitos individuais que enfrentamos hoje, no período Pós-moderno.

Discordar do suposto “direito” que a mulher tem em decidir sobre o próprio corpo, falácia sustentada por algumas feministas pró-aborto, por exemplo, tornou-se pecado mortal. Os conservadores, que valorizam a tradição da sociedade como fator preponderante na convenção de princípios para o bem de todos, são taxados de retrógrados. Para os liberais, não existe esta história de “bem para todos.” O que interessa é aquilo que será bom para mim.


O problema não está no direito individual. Tanto esquerda, quanto direita os possui; é fato. Mas onde é que esses tais “direitos” vão chegar? Se na Idade Moderna o homem era o centro, na Pós-moderna, passa-se a ser só o “eu” o centro, “eu-centrismo.” E “o inferno são os outros,” nas palavras do ultra-liberal Jean Paul Sartre.

O debate entre liberais e conservadores é saudável? Sim. Fortalece a democracia e é bom para o equilíbrio da sociedade. Entretanto, não é justo que “liberais” sejam tidos sempre como os “moderninhos” e desprezem a tradição, como se esta fosse um amontoado de caduquices. A Tradição é o termômetro que diz se uma sociedade está ou não indo bem. O povo que não a tem, perece no caos da anarquia daqueles que usam dos “direitos individuais” como subterfúgio para inflar seus próprios egos.

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