Homens só pensam em sexo
Volta e meia me deparo com as mulheres se queixando que os homens não sabem amar e só pensam em sexo. Para provar que isso não é verdade, apresento um pouco da vida e obra do grande poeta simbolista brasileiro: Alphonsus de Guimaraens.
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| Alphonsus de Guimaraens | 
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) teve grande parte de suas obras marcadas pela morte de sua amada Constança. Tal incidente o afetou física e moralmente. Na cidade onde   passou parte de sua vida era conhecido como o “solitário de Mariana”. Naquela época, evidentemente, não se falava em depressão. Mas ao analisar um pouco da sua história fica claro o estado depressivo dele após a morte da amada. 
Boa parte das poesias de Alphonsus carrega certo tom mórbido e misterioso, além de abordar o tema da Morte da Mulher Amada. Como no poema Ismália:
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Num dia desses escrevi um poema. Claro, com um estilo literário completamente diferente de Alphonsus de Guimaraens. Mas também se refere ao tema da Morte da Mulher Amada. 
Ao contrário do poeta, não perdi nenhuma namorada precocemente, graças a Deus! Apenas tive vontade de escrever. Espero que gostem e, se possível, comentem. Obrigado.
Lívia
Seu jeito mistério, seu olhar sério
Sua alma transparente refletida numa expressão
Como o rosto na água, 
É o espelho da alma
Ou uma sensação inocente...
Passou por aqui, tocou dentro de mim
Mas partiu entre o sereno, fria pelo tempo, nem se despediu.
Vagava na neblina, cinzenta madrugada de inverno.
De pés descalços, tão delicados
Sentindo a grama molhada da estação.
Cabelos libertos, pensamentos incertos
Perdeu completamente a razão.
O sol ainda descansa
Mas os pássaros já cantam.
Lívia enlouquecida olhou a sua volta
Sorriu mesmo tremendo de frio.
Agachou-se diante da roseira branca
Uma lágrima corria em seu rosto
E se misturava com o orvalho da planta.
Não sabia se chorava ou sorria.
Ao abraçar a flor, deitou-se no gramado 
Lentamente adormecia.
Aquelas mãos frágeis assim sangraram
Com os espinhos das rosas. 
Bem antes, já sangrava seu coração.  
Seu desejo não se realizou
Apenas ilusão se tornou. 
Seu sonho puro, profundo, profano e poético
Simplesmente desabou.
Deixai que o sol te aqueça
Antes que o pior aconteça
Ou será que ele não chega a tempo?
Então esqueça...
Livre...ah!
Leve...
Oh Lívia!
Aliviar a dor...
Lívia, 
O sono da morte te alivia. 


 
 
 
Poema com uma essência detalhista. Parabéns , belíssimo poema! Não deixa nada a desejar o do Alphonsus de Guimaraens.
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