Sarau aproxima diferentes manifestações artísticas em Campo Grande

Já dizia o filósofo Bertold Brecht, "todas as artes contribuem para a maior de todas as artes, a arte de viver", e assim as pessoas vão reinventando a cultura, criando espaços para expressarem um novo olhar sobre a vida. Um destes ambientes que propicia essa manifestação artística é o Sarau dos Amigos que se tornou tradição em Campo Grande - MS e acontece toda última quinta-feira do mês, na casa do jornalista Eduardo Romero no bairro Universitário.

Em sua 41ª Edição, o evento traz a apresentação de artistas de teatro, músicos de vários estilos, danças, mostra de vídeo e exposição de telas. Desta verdadeira miscelânea cultural, eclode a arte e contagia não apenas a região, autoridades políticas, acadêmicos, advogados, intelectuais de diferentes pontos da Capital também comparecem.

A jornalista Eliane Ferreira juntamente com seu esposo, o bombeiro Ricardo Bittencourt atravessou a cidade para prestigiar o Sarau. “Venho desde o início e gosto bastante, é uma ambiente democrático onde todo mundo pode se apresentar, torna-se, assim, uma grande oportunidade aos artistas. Quem vem uma vez, vem sempre”, ressalta.

Aos 76 anos de idade, dona Osana Francisca da Conceição, visita pela segunda vez o evento com sua filha e netas. Ao som da dupla Mariana e Jonatas, que catava MPB, a aposentada recorda que antigamente não havia lugares para esse tipo de apresentação. “O que mais gosto são as músicas, o teatro e as brincadeiras, me divirto muito”, acrescenta.


O artista plástico Apres Gomes realizou uma exposição de suas obras, com os recortes sobre a natureza representada nas pinturas de óleo sobre tela. Em interação com o público, Apres utilizou uma técnica que compartilha as experiências de todos. Num quadro exposta logo na entrada do Sarau, cada participante pinta um pedaço e, ao final, o artista reutiliza as cores deixadas pelas pessoas e conclui a arte.

Antes...
...Depois
Outra atração foi o grupo de percussão do Estúdio de Dança e Arte Isa Yasmin tocando instrumentos típicos do Oriente Médio, como o derbak, daff e os snujs. Além da tradicional dança do jarro do folclore egípcio, também conhecida como a dança da Samaritana, com a bailarina Mari Aisha.


Segundo Mari Aisha, a dança surgiu quando as mulheres do Egito iam buscar água na beira dos rios, como as distâncias eram longas, elas dançavam para se distrair. “ Há dez anos me dedico a dança, nossa missão é resgatar as culturas árabes e levar para o palco. Hoje meus filhos também participam e tocam derbac”, reforça.

No fim da noite, a Mr.Willie Band, formada pelos irmãos João Carlos e Renato Mendes, tocaram os grandes clássicos do swing e do blues das décadas de 40 e 50. Em seguida, foi a vez do Quatroevinte MC que transitou entre o rap, reggae, rock e música eletrônica.

Para Eduardo Romero, um dos idealizadores do evento, o Sarau contribui para a liberdade de expressão e potencializa a arte como um todo em Campo Grande. “ Amo a arte e ajudar a promover este encontro de culturas  é um dos prazeres que sinto na vida”, revela.

A entrada tem um caráter solidário, é apenas um quilo de alimento que são destinados aos Vicentinos da Paróquia Santa Rita de Cássia. E então é só aproveitar a riqueza oferecida pela diversidade, que nos alimenta a mente e enobrece a alma.

Há muito tempo se discute a questão: será que a vida imita a arte ou o contrário? Não há consenso sobre o assunto, mas só lembrando o nosso filósofo lá do início, o importante mesmo é a arte da vida. E ver que há sempre uma cor do arco íris para se observar, há sempre uma nota esperando um ouvido atento e pessoas que fazem da arte sua razão de viver.  Como os artistas plásticos, músicos, dançarinos, ou pessoas comuns do nosso dia a dia.

E você? No palco da vida, já apresentou seu lado artístico hoje?
Adamo Antonioni

Comentários

  1. Parabéns Adamo, maravilhoso o artigo! O Sarau é realmente um lugar encantador, que dá oportunidades à todas as tribos. Indico sempre!

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