A garota da promoção (parte 4)

Um objeto a ser usado, depois descartado. A garota não era vista como sujeito que desenvolve ações, faz história. Não. Nada mais do que um brinquedo, um fetiche a ser explorado e depois voltar à lixeira de onde não deveria ter saído.


Acha que ela não tem sentimentos? Uma máquina para satisfazer os desejos alheios, ela perdeu o direito de se apaixonar. Objeto sem valor não tem amor, apenas uma única finalidade: prazer.

A menina pegava o ônibus, ia para a faculdade sem saber por que ia. Trabalhava, mas não trabalhava. Não vivia, vegetava. Era difícil para ela se ver como pessoa após ter sido tão abusada. Ela queria respostas. Na agonia de suas dúvidas se perdia entre os vazios da solidão que lhe tocavam a alma.


Alma oca, vida opaca. Relacionamentos passageiros, só aventuras. Por que ninguém a via como sujeito? Em qual parte da sua vida ela errou? Qual momento de sua vida ela não viveu?

Vende-se uma amiga e leve, de brinde, um objeto para se aproveitar, ainda que por uma noite apenas. A garota precisou aprender a eternizar suas noites de aventuras. E apesar do sol nascer sangrando, nada se comparava as feridas nos lençóis da cama, provocadas enquanto dormia.


Ela sonhava que o rapaz, deitado ali ao seu lado, não fosse embora antes das 6h e ficasse para sempre. Era apenas uma menina à procura de alguém. 

Adamo Antonioni 

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