Coronavírus e economia: é o fim do neoliberalismo?


              

             A crise com o novo coronavírus que atinge o mundo todo trouxe ao centro do debate o neoliberalismo, modelo econômico adotado pelos países capitalistas e que tem se mostrado ineficiente para lidar com a pandemia. Já que este sistema não se preocupa com a vida humana e sim no acumulo de capital.
            Para entender o que é liberalismo e neoliberalismo, é preciso voltar um pouco no tempo. O economista Adam Smith é o grande clássico do liberalismo que passou a atacar o aparelho do Estado como se tivesse mantendo uma relação parasitária com os cidadãos, criticando os gastos militares e posicionando-se contra a intervenção reguladora do governo ao ditar o funcionamento do mercado. Baseado na lógica de um “estado mínimo”, na liberdade do indivíduo enquanto cidadão, produtor e consumidor, a doutrina liberal se fortalece através da burguesia que passa a se tornar imensamente rica com a Revolução Industrial da Inglaterra no século XVIII, e ganha força política com a Revolução Francesa. Sim, a Revolução Francesa, embora tenha contado com apoio popular, foi uma revolução burguesa.
            Já o neoliberalismo surge na década de 1980 com os governos de Margaret Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos Estados Unidos. O neoliberalismo se sustenta, dentre outras ideias, na austeridade. Ou seja, é a política econômica que busca promover um crescimento econômico por meio de um ajuste fiscal, para isso, se promove cortes com gastos públicos. Acontece que o corte é feito não no topo da pirâmide, para atingir os mais ricos, mas na base, com corte de verbas para saúde, educação e programas sociais, atingindo a população mais pobre que depende justamente de uma maior atenção do Estado. Basta lembrar da Emenda Constitucional 95 do governo de Michel Temer (apoiada pelo então deputado federal Jair Bolsonaro) e que congelou por 30 anos os gastos públicos.
            Diante da pandemia do novo coronavírus, podemos notar como a lógica neoliberal é colocada em cheque: o Estado está tendo que intervir para salvar a vida das pessoas, abandonando o discurso da austeridade. Nos Estados Unidos, por exemplo, a câmara dos deputados aprovou um pacote de 2,2 trilhões de dólares- o maior da história norte-americana- para ajudar as empresas e a população mais pobre do país a lidar com o Covid-19. Estamos falando do país que sempre é citado pelos economistas como modelo neoliberal de “sucesso” para o resto do mundo.
            Enquanto que no Brasil, o governo de Bolsonaro, que adota uma agenda ultraliberal, determina que a classe trabalhadora volte ao trabalho, se expondo à contaminação do vírus e condenando a todos a morrerem jogados de qualquer jeito na porta do SUS tendo em vista que, como dito anteriormente, os gastos com saúde foram congelados. Já havia um recurso mínimo antes e, agora, o pouco que tinha foi reduzido ainda mais com a EC 95.
            Que a pandemia do coronavírus traga a lição para todos: precisamos de um novo sistema econômico baseado na solidariedade e não na competitividade e que coloque o humano acima do lucro. A burguesia não pode mais escolher “quem morre e quem vive”, nesta lógica perversa baseada no egoísmo e na exploração. É preciso acabar com esta ordem social existente.  
            “Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista! Nela os proletários nada têm a perder a não ser os seus grilhões. Têm o mundo a ganhar”, Marx e Engels.
                                                                                                                    Ádamo Antonioni

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